Esse blog foi criado para divulgar o trabalho do Canto Cidadão, Organização Não Governamental (ONG), da qual a Drª Risadinha Risolina é voluntária. Nesta página você lerá textos que expressam as experiências que tenho vivido.



sábado, 28 de novembro de 2015

Falando sobre ser Doutora Cidadã


Escrevi esse depoimento a pedido de alguns alunos do ensino fundamental de uma escola estadual de São Mateus (zona leste). O grupo de estudantes fez um trabalho sobre voluntariado em hospitais. Fiquei muito feliz em poder contribuir de alguma forma. Obrigada pessoal.


Meu nome é Havolene Valinhos, tenho 31 anos, sou jornalista e voluntária na ONG Canto Cidadão desde 2007. O foco dessa organização é o atendimento ao público adulto internado em hospitais. Atuo como amenizadora hospitalar no hospital estadual Mário Covas, em Santo André, nas clínicas médicas, oncologia, infectologia e banco de sangue. Eventualmente, atendo também em outros setores, como UTI e pediatria, sempre que somos chamados por familiares ou funcionários. Vale lembrar que esse hospital é um dos 42 locais, centros de saúde, que os voluntários da ONG trabalham.
Basicamente, a minha atividade voluntária é estar a cada 15 dias, pelo período de três horas, fazendo visitas aos pacientes, familiares e funcionários que estão no ambiente hospitalar. Já atuei sozinha, em dupla e em grupo, tudo depende da disponibilidade de cada parceiro. Tenho até um irmão, Hudson Valinhos, que também é voluntário, o doutor Caboclinho Lasanha. Iniciamos o trabalho juntos, atuamos muito tempo em parceria, mas, por causa das agendas pessoais, hoje atuamos em dias diferentes, o que pode mudar no futuro.
Para atuar me caracterizo de "palhaça" e passo a ser a Doutora Cidadã Risadinha Risolina. O objetivo nem é tanto o riso, embora o nosso lema seja "O seu sorriso é minha alegria", mas a escuta e a interação com todos que encontrarmos. O nariz vermelho é um mecanismo para poder me apresentar, a porta de entrada, em um ambiente tenso e em momentos quase sempre delicados nos quais vive cada pessoa atendida.

A ideia principal é amenizar a situação, desanuviar a tristeza e mostrar que é possível ter perspectivas fora do hospital. Costumo dizer que o paciente está em um spa, tirando férias ou em um hotel cinco estrelas, mas nada é melhor que a casa da gente. Contudo, reforço a necessidade dele priorizar o seu tratamento e ali é o local ideal para tanto.

Cada voluntário é livre para montar seu "script", a forma de atuação, de lidar com os pacientes e os demais. Quase ninguém é ator, é tudo improvisado.
Particularmente, antes de iniciar o trabalho, faço minhas orações na capela do hospital e peço uma direção espiritual. A partir daí, tomo o cuidado de observar o quadro geral de cada quarto que, geralmente, tem três pacientes. Ainda temos que ter jogo de cintura para lidar com imprevistos como uma pessoa que faleceu há pouco tempo e o vizinho do quarto presenciou tudo.
Sabemos do que aconteceu, mas temos que agir normalmente e continuamos conversando com o paciente e seus acompanhantes.

Mas também lembro de muitos dias alegres em que cantei e dancei para os pacientes, dos acompanhantes e pacientes que se esquecem em 30 segundos que estão falando com um palhaço e abrem o coração. São pessoas como nós que trabalhavam, estudavam, cuidavam da casa e dos filhos e, de repente, tudo foi interrompido pela doença.

A proposta é fazer com que eles sintam-se, mesmo que por alguns minutos, revigorados. A lição que aprendo é que, por vezes, os pacientes estão mais animados e esperançosos do que nós do lado de cá, que vivemos no piloto automático e esquecemos muitas vezes de viver o momento presente, de curtir a família, de falar e de demonstrar aos mais caros o quanto são caríssimos, amados e essenciais para as nossas vidas.

Nesses oitos anos de trabalho voluntário, já tive muitas experiências que geraram emoções diversas: alegria, tristeza, impotência e por aí vai, mas posso afirmar que foram todas extraordinárias. Recomendo e incentivo as pessoas a trabalharem voluntariamente. Tenho certeza de que a gente ganha muito mais do que doa.

Poderia ficar falando disso por inúmeras linhas ainda, todavia acho que seria redundante. Amar o próximo como a si mesmo resume qualquer explicação.

A doutora tem um blog que está sendo atualizado. www.doutorarisadinha.blogspot.com

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

A filha de dona Maria

*O relato a seguir é baseado em fatos reais, porém, os nomes das personagens são fictícios com o objetivo de preservar sua identidade


A filha de dona Maria, Fabiana, me fez pensar uma vez mais em nosso estado de finitude. Ela se culpava pela mãe estar hospitalizada. Eu dizia para que não fizesse isso, pois sabia que havia feito o seu melhor como filha, que ainda por cima era única. No entanto, Fabiana não se convenceu e desandou a falar. Ali era momento de eu apenas emprestar meus ouvidos.

“É nessas horas que a percebemos realmente que não somos nada. Dinheiro não é tudo. Nunca faltou nada material para a minha mãe. Comprei roupa e sapato, mas faltou estar mais presente, sabe? Trabalhei demais. Hoje, não faz sentido ela calçar sapato novo ou bonito. No fim, tudo isso é passageiro, é pura vaidade. A gente acaba se iludindo com a correria da vida. Se tenho R$ 1.000 no banco, quero outros R$ 1.000. Se tenho um carro, quero outro; se é casa então a gente se mata até comprar outra.”

Essa conversa não durou mais que cinco minutos, mas nem preciso dizer que foi profunda e de enorme aprendizado.

Eu, diante daquela cena, apesar da culpa que Fabiana insistia em carregar só consegui enxergar uma filha zelosa e amorosa. Me despedi.

E Fabiana no ouvido de dona Maria disse: “Mãe, a moça que veio te ver está indo embora, tá bom?”
Tchau dona Maria. Parabéns por sua linda filha

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Ah...ele não é de nada

*O relato a seguir é baseado em fatos reais, porém, os nomes das personagens são fictícios com o objetivo de preservar sua identidade



O Eduardo está internado há mais de um mês. Conversando com a Cássia, a mulher dele, soube que ela não sai do lado do Eduardo por nada. No início, ele estava na defensiva, mas logo abaixou a guarda. Lógico, disse que ele era um mala sem alça. Afinal, a Cássia já tinha me contado que ele era metido a machão. Aí, não me contive e comecei a cantar...

Sempre diz
Que é do tipo Cara Valente
Mas veja só
A gente sabe...

Esse humor
É coisa de um rapaz
Que sem ter proteção
Foi se esconder atrás
Da cara de vilão
Então, não faz assim rapaz
Não bota esse cartaz
A gente não cai não...

Ê! Ê!
Ele não é de nada
Oiá!!!
Essa cara amarrada
É só!
Um jeito de viver na pior
Ê! Ê!
Ele não é de nada
Oiá!!!
Essa cara amarrada
É só!
Um jeito de viver
Nesse mundo de mágoas...

(Cara Valente - Maria Rita)


A cantoria foi muito boa, embora eu seja uma taquara rachada. Cássia reclamou que o Eduardo não abre a boca o dia inteiro.

Porém, depois dessa conversa, o rapaz desatou a falar. Chegou até a dizer que estava mais aliviado. Meu querido, trocar ideias faz bem, obrigada.

Disse que esse só tinha cara de valentão... hahahaha

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

É hora de cantar

Hoje, a Drª Risadinha conheceu muita gente bacana, mas isso nem é mais novidade. Por isso, vou deixar aqui uma música lembrada pelo Lúcio, que está no SPA do hospital há um tempinho. Ele cantou para nós. Aliás, o Lúcio adora um karaokê. Fiquei até com vontade de ir cantar por aí...sem vergonha de ser feliz (rs).
Faça o sinal
Cante uma canção
Sentimental
Em qualquer tom...
Do alto, coração
Mais alto, coração...


Sonho de Ícaro
Byafra

Voar, voar
Subir, subir
Ir por onde for
Descer até o céu cair
Ou mudar de cor
Anjos de gás
Asas de ilusão
E um sonho audaz
Feito um balão...
No ar, no ar
Eu sou assim
Brilho do farol
Além do mais
Amargo fim
Simplesmente sol...
Rock do bom
Ou quem sabe jaz
Som sobre som
Bem mais, bem mais...
O que sai de mim
Vem do prazer
De querer sentir
O que eu não posso ter
O que faz de mim
Ser o que sou
É gostar de ir
Por onde, ninguém for...
Do alto coração
Mais alto coração...
Viver, viver
E não fingir
Esconder no olhar
Pedir não mais
Que permitir
Jogos de azar
Fauno lunar
Sombras no porão
E um show vulgar
Todo verão...
Fugir meu bem
Pra ser feliz
Só no pólo sul
Não vou mudar
Do meu país
Nem vestir azul...
Faça o sinal
Cante uma canção
Sentimental
Em qualquer tom...
Repetir o amor
Já satisfaz
Dentro do bombom
Há um licor a mais
Ir até que um dia
Chegue enfim
Em que o sol derreta
A cera até o fim...
Do alto, coração
Mais alto, coração...
Faça o sinal
Cante uma canção
Sentimental
Em qualquer tom...
Repetir o amor
Já satisfaz
Dentro do bombom
Há um licor a mais
Ir até que um dia
Chegue enfim
Em que o sol derreta
A cera até o fim...
Do alto, o coração
Mais alto, o coração...

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