Esse blog foi criado para divulgar o trabalho do Canto Cidadão, Organização Não Governamental (ONG), da qual a Drª Risadinha Risolina é voluntária. Nesta página você lerá textos que expressam as experiências que tenho vivido.



quarta-feira, 24 de setembro de 2014

A filha de dona Maria

*O relato a seguir é baseado em fatos reais, porém, os nomes das personagens são fictícios com o objetivo de preservar sua identidade


A filha de dona Maria, Fabiana, me fez pensar uma vez mais em nosso estado de finitude. Ela se culpava pela mãe estar hospitalizada. Eu dizia para que não fizesse isso, pois sabia que havia feito o seu melhor como filha, que ainda por cima era única. No entanto, Fabiana não se convenceu e desandou a falar. Ali era momento de eu apenas emprestar meus ouvidos.

“É nessas horas que a percebemos realmente que não somos nada. Dinheiro não é tudo. Nunca faltou nada material para a minha mãe. Comprei roupa e sapato, mas faltou estar mais presente, sabe? Trabalhei demais. Hoje, não faz sentido ela calçar sapato novo ou bonito. No fim, tudo isso é passageiro, é pura vaidade. A gente acaba se iludindo com a correria da vida. Se tenho R$ 1.000 no banco, quero outros R$ 1.000. Se tenho um carro, quero outro; se é casa então a gente se mata até comprar outra.”

Essa conversa não durou mais que cinco minutos, mas nem preciso dizer que foi profunda e de enorme aprendizado.

Eu, diante daquela cena, apesar da culpa que Fabiana insistia em carregar só consegui enxergar uma filha zelosa e amorosa. Me despedi.

E Fabiana no ouvido de dona Maria disse: “Mãe, a moça que veio te ver está indo embora, tá bom?”
Tchau dona Maria. Parabéns por sua linda filha