Esse blog foi criado para divulgar o trabalho do Canto Cidadão, Organização Não Governamental (ONG), da qual a Drª Risadinha Risolina é voluntária. Nesta página você lerá textos que expressam as experiências que tenho vivido.



segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Revolucione o Mapa Mundi

Logo quando chegamos sentimos a falta do Hélio (quadro vegetativo) que acompanhamos por dois meses. Não tivemos coragem de perguntar onde ele estava.
Tentamos desanuviar a idéia e entramos no quarto em que o Clóvis estava, um mineiro de 18 anos, que pretende ser professor de geografia. Em qual região fica o Espírito Santo? No Centro-Oeste. Natal é a capital de qual Estado? Rio Grande do Sul.
Chegamos à conclusão: ou esse cara está de zueira com a gente ou vai ter que estudar muito. De repente seu sonho é revolucionar o mapa mundi. Enquanto isso, vamos trocar São Paulo por Salvador ehehe

Todos os relatos são baseados em fatos reais, porém, os nomes dos personagens são fictícios para preservar sua identidade.

Eita mulher chorona

Se você passasse pelo corredor de um hospital e ouvisse:
Severina chique, chique, que abriu uma butique para a vida melhorar. Aposto que acharia um pouco estranho. A culpa não foi minha, juro!
Aliás, a idéia não foi nossa, mas da companheira de quarto de dona Paula, a Josi, fã do Genival Lacerda. Ela disse que até o dia anterior dona Paula estava chorando. Daí ela cantava: “Eitâ mulher chorona, chora feito uma sanfona...daqui a pouco se arrepende e chora”.
A Josi continuou e contou que a dona Paula tem um filho caminhoneiro e no mesmo instante passou o Antonio Fagundes na novela. A Drª Risadinha não perdeu a oportunidade:

DrªRisadinha - A senhora tem um filho famoso?

Paula - Como assim?

DrªRisadinha - Não acredito. A senhora fica dormindo e perdeu, né Josi?

Josi – A senhora fica chorando e nem presta atenção. Ele apareceu na TV, naquele programa ‘Carga Pesada’, mas agora ele está de férias.

Paula – Sério?

DrªRisadinha – Lógico que é. Aquele bonitão, o Pedro, amigo do Bino não é seu filho?

Além dos pacientes ainda temos o maior apoio dos enfermeiros da onco e do Dr. Roberto.

Perguntamos sobre o Cristiano aquele que é segurança.
- Ah, o ‘mala’ do Cristian, teve alta. Que alegria!
Para finalizar voltamos no primeiro quarto, onde dona Paula recebia uma visita e propusemos uma nova cantoria. Dessa vez até a visita teve direito a dançar ao som de “Severina chique, chique ...”


Todos os relatos são baseados em fatos reais, porém, os nomes dos personagens são fictícios para preservar sua identidade.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Para um anjo


Caminhe ( Walk On / U2)

E o amor não é uma coisa fácil
A única bagagem que você pode trazer
E o amor não é uma coisa fácil
A única bagagem que você pode trazer
É tudo o que você não pode deixar para trás

E se a escuridão for nos separar
E se a luz do dia parece estar muito longe
E se seu coração de vidro se partir
E por um segundo você quiser voltar atrás
Oh, não, seja forte

Continue em frente, continue em frente
O que você conquistou, eles não podem te roubar
Não, eles não podem nem sentir isso
Caminhe, caminhe

Mantenha-se segura esta noite

Você está arrumando a mala para ir a um lugar
Onde nenhum de nós esteve
Um lugar no qual se tem que acreditar para se ver
Você poderia ter voado para longe
Um pássaro cantando em uma gaiola aberta
Que só voará, só voa para a liberdade

Caminhe, caminhe
O que você conquistou eles não podem te negar
Não podem vender ou comprar
Caminhe, caminhe

E eu sei que dói

E seu coração se partiu
E você só pode aceitar tudo

Caminhe, caminhe

Deixe para trás
Você tem que deixar isso para trás
Tudo o que você produz
Tudo o que você faz
Tudo o que você constrói
Tudo o que você quebra
Tudo o que você mede
Tudo o que você sente
Tudo isso você pode deixar para trás
Tudo o que você raciocina, é apenas tempo
E eu nunca estarei acima do que procuro
Tudo o que você percebe
Tudo o que você conspira
Tudo que você veste
Tudo o que você vê
Tudo o que você destrói
Tudo o que você odeia
Tudo que você criou

Entre aspas

Eu conheço um anjo

Como de costume passei os olhos na lista com os nomes de meus amigos. Assim, antes de começar mais um dia de atendimento consigo lembrar do rosto e da história de cada um. Ontem, porém, minha memória lembrava com mais insistência do João e da Valéria. Havia faltado luz no hospital, mas os geradores deram conta do recado.
E aí fomos nós. Pós Natal, de cara chegamos e fomos informados que dois pacientes haviam falecido. Preferimos não saber quem eram.
Contudo, no penúltimo quarto quando já estávamos indo embora chega o esposo da Valéria e fui logo perguntando por ela, já que estava com saudades. O leito dela estava com o nome de outra pessoa que ainda não estava lá. Normalmente, de acordo com a necessidade o paciente é transferido para UTI etc.
Mas ele deu uma parada e respondeu que ela tinha Subido. Não sei como consegui ficar tão tranqüila e comecei a conversar com ele. Olhava para ele e lembrava do rosto muito feliz dela. Tínhamos a visto pela última vez há 15 dias.
Perguntei se foi no Natal? Ele disse que fora apenas há 40 minutos. Provavelmente enquanto estávamos ali, mas ela estava em outra clínica.
Foi um momento intenso, indescritível, mas me lembro que disse: - Ela era (é) uma pessoa muito feliz. Com certeza nos deu uma lição de paixão pela vida. Nunca a vi desanimada.
Ele respondeu – Ela sempre foi assim.
Ele se despediu dizendo para que nós continuássemos com nosso trabalho, pois fazíamos bem a muitas pessoas como fizemos a ela.
E assim nos despedimos de nossa amiga. Se vocês ainda não conheceram um anjo... EU POSSO APOSTAR QUE CONHEÇO.
E o anjo me disse assim:
“Viva, diga tudo que pensar,mas não de maneira grosseira. Ame profundamente e com toda a tua força, mesmo que encontrar gente antipática, sem caráter, sem ideais. Porque há muito o que fazer e por quem fazer. E só por isso, vale muito a pena”.

Todos os relatos são baseados em fatos reais, porém, os nomes dos personagens são fictícios para preservar sua identidade.

Dia de desafios e emoção

Santo André, 12 de setembro de 2007

Hoje, foi de longe o dia mais intenso que tivemos em nossa breve vida de doutores. Sentimos uma resistência enorme em alguns pacientes, outros conquistamos ao poucos e comemoramos.
Dois casos mexeram muito com a gente. Um foi ver o Hélio, que estava em um quarto isolado há um mês e meio. Apesar de não poder falar nada, percebemos que piscou o olho. Já tínhamos visto ele anteriormente, mas antes de entrar no quarto duas médicas ou enfermeiras recém-formadas que estavam no corredor nos disseram: vocês nem vão conseguir interagir com esse paciente, pois ele não responde a nada. Mesmo assim entramos no quarto, pois acreditamos que ele sentiria nossa presença, estávamos certos. Valeu cada segundo.
Outro atendimento foi o da Suzana, que estava medicada e presa à cama para não se debater. Ela nos chamou e pediu para que a soltássemos. Esse foi um momento muito difícil, mas apesar de seus apelos deixamos o quarto. Não podíamos fazer nada, pois os enfermeiros avisaram que ela estava nervosa.
O seu Domingos, filho de italianos, e obviamente palmeirense, é de acordo com a filha Marilene, um italiano muito carinhoso que adora quando a família está por perto.
Cantamos a música Pão de Mel, do Zezé de Camargo & Luciano para a Liliane e parabéns pelo aniversário do Fabiano que completou 21 anos, um guerreiro que luta contra o câncer há quatro.
E o Alessandro que era caminhoneiro e depois do início do tratamento descobriu que tinha talento para a cozinha e agora pretende abrir algum negócio no ramo. Ele contando tudo isso e o seu Álvaro, que estava no leito ao lado pergunta.

Alvaro: Mas eu moro nesse bairro também.
Alessandro: Você não freqüenta o bar de ciclano?
Conclusão: os dois são vizinhos, já se conheciam de vista e foi preciso que dois palhaços intermediassem a situação para sair uma conversa. Rimos muito.

Todos os relatos são baseados em fatos reais, porém, os nomes dos personagens são fictícios para preservar sua identidade.

Um guarda que não dorme no ponto

Santo André, 28 de agosto de 2007

Ao chegarmos, o enfermeiro Gilmar pediu para visitarmos a paciente do quarto 439, que acabara de chegar da hemodiálise e estava muito para baixo. Agradecemos pela consideração em nos dar a dica.
Encontramos a Joyce e a Amanda no corredor tendo uma conversa daquelas e lá ficaram durante todo o atendimento. Para nossa surpresa, o quarto 439 era o da Amanda, essa mesma que estava no maior papo no corredor. Que bom, sem saber conversamos bastante com ela e à essa hora já estava bem animada.
No quarto ao lado estava a dona Zuleika que não podia falar, mas mandava beijos de carinho que se espalhavam pelo ar.
Conhecemos um baiano chamado Cristiano mais conhecido como Cristian e que já fez amizade com todos. Os funcionários disseram que ele fica a madrugada inteira no corredor conversando. E descobrimos o motivo. Ele é vigia noturno.

Todos os relatos são baseados em fatos reais, porém, os nomes dos personagens são fictícios para preservar sua identidade.

Diário de bordo

... a vida e suas surpresas

Santo André, 15 de agosto de 2007

Hoje foi o primeiro dia que atendemos 'sozinhos'. Começamos com o pé direito. Logo de primeira os seguranças foram com a nossa cara.
Depois da recepção calorosa, e um pouco mais seguros, fomos conhecer a oncologia, clínica que escolhemos para atender, mas que ainda não tínhamos ido nenhuma vez.
Ao contrário dos sábados ensolarados dos dias de estágio, agora, estávamos no hospital à noite, quando quase todo mundo está dormindo, sem a ajuda dos acompanhantes e, o pior, no horário da novela das oito. Vamos convir, essa é uma concorrência desleal.
O médico responsável, o Dr. Roberto, logo nos indicou as pessoas que mais estavam "down" naquele dia. Daí, com o apoio maciço dos enfermeiros, lá fomos nós.
Respiramos fundo e entramos no quarto do Fernando, Hugo e Celso. A luz estava apagada, eles sonolentos e veio o receio de incomodar. Entretanto, logo eles estavam à vontade.
Depois fomos visitar a Emanuela, uma jovem de 21 anos, que estava muito pra baixo. Aqui tivemos a ajuda do Dr. Roberto, aliás, foi nessa hora que consegui ler seu nome bordado no jaleco e descobri que a classe médica ainda tem salvação (rs). Percebemos a dedicação e amor que tem por sua profissão e, especialmente, o carinho que tem pelos pacientes e sua equipe.

Dr.Roberto: "Emanuela, sabe pra que serve o sapato dele? (sapato de palhaço)
Emanuela: Não.
Dr.Roberto: “E pra matar barata"... (...) e o doutor ficou conosco por mais algum tempo. A Emanuela sorriu pela primeira vez naquele dia. Foi maravilhoso, um momento de parceria e ali sentimos que éramos um time.

Ah, também tivemos a felicidade de conhecer a Ana. Ela me contou que está com câncer há seis anos, mas que as amigas ficam surpresas quando vão visitá-la e a encontram de alto astral. Nem precisava dizer isso, pois começamos a cantar juntas. "Tô de bem com a vida (Bis), tô de vento em poupa, tô assim com o mundo, tô feliz pra burro (...)".
Só vendo a figura para não dizerem que estou inventando. Nossa, ela contagia qualquer um com sua alegria e vontade de viver.

Todos os relatos são baseados em fatos reais, porém, os nomes dos personagens são fictícios para preservar sua identidade.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Um dia melhor que o outro PARTE II

Chegamos no quarto onde a Dona Inês, que gosta de contar piadas, estava e foi aí que aprendi uma grande lição da Drª Cacatua. Percebi que tinha uma senhora com um aparelho respiratório no último leito, mas como ela tinha visitas ficamos conversando com a dona Inês e a dona Jane que já estava indo embora. Então, a Drª Cacatua foi se achegando perto do leito da dona Olinda e eu fui depois. As filhas dela estavam emocionadas e, como o neto de dona Olinda também estava ali.O menino tinha uns nove anos, era claro que o quadro não era nada bom, pois até aquele momento não havia visto nenhuma criança entre as visitas.
A Drª Cacatua abaixou seu tom de voz e conversou com carinho com elas, depois nos despedimos. Porém, quando estávamos indo embora chegaram o Dr. Polenticão e a Drª. Piriquilim, para enturmá-los pedi para a dona Inês contar uma piada, percebi o deslize e fui salva pela Drª Cacatua antes da dona Inês começar. Com certeza foi algo que me marcou muito: o silêncio, por vezes, faz muita diferença.
Fora o senhor Saulo, um espanhol mais que simpático, o senhor Carlos que é um amante à moda antiga, do tipo que ainda manda flores... e que chama de querida a sua namorada...cantamos a música do Roberto Carlos. Ele estava ansioso para receber a visita de sua namorada (sua esposa). E o Edson que depois de uns 10 minutos de conversa nos perguntou porque estávamos vestidos daquela maneira, eu fiquei na saia justa, mas a Drª Cacatua mais uma vez me salvou: “Você acha que a gente tem cara de quê?” Muito obrigada doutora.

Um grande beijo. Esse foi apenas o segundo dia.

Todos os relatos são baseados em fatos reais, porém, os nomes dos personagens são fictícios para preservar sua identidade.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Coração à toda prova

O Dr. Bigodinho de Anjo é um palhaço desencanado e, por isso, a solução para a Drª Risadinha e o Dr. Caboclinho foi segui-lo. Foi nessa que por alguns minutos pensamos que estivéssemos parado na sala de espera do pronto-socorro, afinal, nenhum de nós conhecia muito bem o hospital.
Fomos andando pelos corredores e, de repente, vimos algumas pessoas no corredor e para nossa surpresa nos deparamos com um salão lotado de pessoas aguardando alguma coisa. Nós ficamos felizes e espantados. A solução foi começar a cumprimentar cada um dos presentes, por volta do décimo aperto de mão descobri que se tratava de um banco de sangue. Daí fiquei mais feliz e parabenizei um a um pela iniciativa de estarem em um hospital em uma manhã de um sábado ensolarado.
Mas o melhor ainda estava por vir.
Conhecemos a Dona Carolina, uma senhora muita simpática, mas que queria a todo custo nos expor ao ridículo. Pediu para dançarmos e oDr. Bigodinho de Anjo para completar disse: "Só se for na boquinha da garrafa". Dançamos e todos os presentes caíram na risada..
Ah, e o seu Joaquim que falava baixinho e para ajudar não estava ouvindo muito bem. Isso foi o suficiente para eu e o mano fazermos a maior confusão.
Seu Joaquim disse, ou melhor, entendemos que ele era cabeleleiro e, sugerimos que na próxima visita levaríamos uma tesoura para que ele não perdesse o costume. Depois de uns cinco minutos de conversa:

Seu Joaquim: Do que vocês estão falando?
Dr. Caboclinho e Drª Risadinha: O senhor acha que o nosso cabelo não precisa de corte?
Seu Joaquim: Mas eu sou caldeireiro e não cabelereiro (risos).

A sorte foi que nosso pai trabalhou por anos como operador de caldeira e conhecíamos a profissão. Mas graças à confusão iniciamos uma ótima conversa com o seu Joaquim.
Outro momento incrível foi conhecer o Jonas, uma criança de uns dois anos, alguém que jamais esquecerei. A causa de sua internação eu não sei, mas era algo relacionado à pele.
Apesar da enfermidade, seu olhar era intenso e tinha energia para brincar pelo corredor.
O Jonas despertara comoção nas enfermeiras, responsáveis por nossa entrada na pediatria. Quando nos convidaram para entregar alguns presentes ao menino, foi uma experiência fantástica.
Visitamos todos os quartos, mas o do Jonas era o mais disputado. As enfermeiras não saiam de lá, faziam com que ele se divertisse e pediam nossa ajuda. Num impulso o Dr. Passerini e eu estendemos as mãos para ele e ele retribuiu com um cumprimento e abriu um lindo sorriso, que até então não dera, foi difícil segurar a emoção.
Ficamos tão empolgados que só depois percebemos o aviso de evitar contato. O Dr. Bigodinho e eu percebemos nosso erro, mas era inevitável recusar um aperto de mão naquele momento, uma vez que até as enfermeiras aprovaram nossa atitude, além da criança andar entre as outras sem grandes problemas.
Para encerrar, apesar de haver muitas histórias, finalizo com a fala de seu Lenival, um senhor de 93 anos, muito simpático e receptivo: “Nossa, vocês são uma puta palhaçada” (risos).

Todos os relatos são baseados em fatos reais, porém, os nomes dos personagens são fictícios para preservar sua identidade.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Doe sangue

Esse foi o momento de sentar com os amigos e conversar. Aproveitamos para tirar a fotinho ao lado.Afinal, é essencial guardar no coração e no álbum.
Só para localizar, estávamos no Hospital das Clínicas no Trote Cidadão. Dia 29 de julho de 2007, pós formatura.
Pela primeira vez na vida fiz uma doação de sangue e recomendo que façam o mesmo. Nem passei mal porque os lanchinhos que eles nos oferecem lá são fortificante.
Tinha um pouco de receio em entrar na agulha, mas agora acho uma das ações mais gratificantes que um ser humano pode fazer.
Mais informações: www.prosangue.sp.gov.br

Um dia melhor que o outro PARTE I

Hoje conheci o senhor Jejum, muito simpático, embora estivesse com fome. O nome de batismo dele é Armando, mas o Dr. Polenticão diante da situação quis dar uma força e nem o próprio senhor Armando agüentou e deu risada de si. Três dias à base de soro. Daí a Drª Cacatua começou com as piadas, o quarto virou uma festa. Isso porque era o último.
No primeiro em que eu e Drª Cacatua entramos cantamos parabéns para o senhor Ivandroel. O melhor é que a Drª Cacatua sacou na hora, pois perguntou a origem do nome dele e ele disse que seu pai só poderia estar bêbado (rs).Afinal, ele nascera no dia de São Pedro e bem que poderia ter esse nome mais comum. A Drª Cacatua convidou todos os presentes a cantarem parabéns e esse homem começou a chorar, ele têm uns 70 anos. Nossa, fiz uma dublagem, pois a voz não saía, tive que desviar o olhar dele para não me emocionar. Foi um momento inesquecível.

* Esse relato continua no post Um dia melhor que o outro parte II

Todos os relatos são baseados em fatos reais, porém, os nomes dos personagens são fictícios para preservar sua identidade.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

O primeiro dia de vida de dois palhaços

A primeira experiência a gente nunca esquece. À primeira vista pode parecer impossível como era pra mim. Permanecer em um hospital era sinônimo de mal estar na certa. Tanto, que antes de começar o estágio vacilei e pensei que não conseguiria. Nessa hora, o apoio do Dr. Caboclinho (irmão e amigo de longa data foi fundamental). “Tente. Se não der certo você desiste”.
A noite anterior foi de ansiedade. Arrumamos nossas coisas e conferimos mil vezes se o par de luvas realmente tinha duas luvas.
O Dr. Polenticão (nosso monitor) é muito conhecido e querido por todos. Foi um presente tê-lo como mestre ainda contar com seus conselhos.
São 13h30 de um sábado. Estou tremendo que nem vara verde e o Dr.Caboclinho ficou com tensão total nos ombros. Nossa, foi demais, mas confesso que somos os palhaços mais sem graça que já existiu. Depois morremos de dar risada de nós mesmos, o que no final das contas é um bom sinal.
Também me segurei para não me emocionar. Só faltava, uma palhaça que não faz rir e ainda chora. Ninguém merece.
Ah! Teve até uma senhora que contou piada e pensar que isso é só o começo.
Agora, bato cartão no hospital. Conhecemos os bastidores daqueles corredores aparentemente frios e nos apaixonamos. Descobrimos a dedicação das enfermeiras e auxiliares, médicos, auxiliares de limpeza, copeiras, recepcionistas, seguranças. Todos dando seu melhor para ver o paciente e seus acompanhantes bem.

Pra saber o que é possível é preciso que se tente conseguir o impossível, então tente!Feche os olhos que uma força te conduz. Vai em frente, vai seguro, faz um furo nesse muro que o escuro se esclarece.Vai em frente, simplesmente vai em frente que o futuro é um presente que a vida te oferece”. Sem Parar (Gabriel O Pensador/Itaal Shur)

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Uma mesma essência


Nasci linda e não rica. Mas tudo depende do ponto de vista, já que posso ser linda e rica, por quê não? Pense pelo lado que sou bonita porque meu Criador estava inspirado e, rica, porque me deu muitas riquezas, mas não passageiras. Ele me deu presentes preciosos que dependendo de minha recíproca podem ser multiplicados. Amigos, pais, irmãos, um milhão de coisas boas e alguns problemas que procuro transformar em oportunidades e aprendizado.
Alguns me chamam de otimista, mas tenho plena consciência da realidade. Sei que podemos fazer o melhor a cada minuto de nossas vidas, ir além.
Acredito nos ditados: a gente colhe o que planta, o mundo dá voltas, que os últimos serão os primeiros, que ninguém veio à vida a passeio. A vida pode ser maravilhosa ou não, depende de como você a encara.
São Francisco encarava assim...amar mais que ser amado, compreender que ser compreendido, mesmo que muitas vezes seja difícil.Vivo intensamente cada momento e valorizo principalmente as pessoas com quem convivo.
Qual é a primeira coisa que você faz quando acorda? Vai me dizer é que é abrir os olhos. Pois é, que maravilha. É isso mesmo, mais uma grande chance de fazer melhor hoje o que deixou por fazer ontem.
Às vezes me pego pensando como as pessoas passam seus dias sem sonhos, querendo que as horas passem velozes e os dias passam apenas, um após o outro.
Realmente isso me preocupa. Por isso, por onde passo tento “acordar a criatura”, mostrar que ela precisa fazer algo, que é importante para alguém. Não podemos ser vítimas da história, precisamos ser autores de nossa própria história, lógico com a ajuda do cara lá de cima, sempre.
Já trabalhei em lugares que não gostava muito, com pessoas que não eram lá bem-humoradas, mas sempre tentei ver a situação como um aprendizado, pelo menos para mim funcionou. Se estava ali, não era à toa. Enquanto estive ali fiz o melhor que podia, depois segui meu caminho.
Enfim, ao meu ver a Havolene e a Drª Risadinha Risolina têm muito em comum, pois a Havolene nasceu no dia do frevo e é super alto astral e a Drª Risadinha já confessa isso em seu nome. Acredito que essa dupla aprenderá muito juntas. Com certeza a essência das duas é a mesma.

sábado, 8 de dezembro de 2007

Por que Risadinha Risolina?

A Drª Risadinha foi pensada por dias seguidos. Escolher um nome, roupa, acessórios. Meu nome foi (deveria ser) a combinação de uma ave e uma massa.
Descobri minha essência: as cores e o sorriso. Meu nome não poderia ser outro: Risadinha Risolina.

O que preciso ter e ser?

Tecnicamente para ser um Doutor Cidadão você precisará adquirir:
  • um avental
  • um macacão ou calça branca
  • uma camiseta ou camisa
  • um chapéu, boina etc
  • um nariz, enfim acessórios para montar seu personagem

    Mas acima de tudo precisará estar disposto a assumir um compromisso com os pacientes e, especialmente, consigo.
    Na hora de arrumar a mala não se esqueça de levar carinho, determinação, disposição, bom senso, compromisso, profissionalismo, alegria e MUITO AMOR (essa é chave para abrir todas as portas).

Um curso para palhaços??


Comecei a frequentar o curso. À princípio achei muito extenso (quase seis meses) e ainda aos sábados à tarde. Contudo, já nos primeiros encontros percebi como aqueles dias seriam interessantes. Estava certa.
Fiz amigos. Conheci almas sinceras e, principalmente, foi iniciada uma fase de auto descoberta. Cada tarde de sábado tornou-se um evento mágico, de queda de mitos criados por mim mesma, defini o que e quem realmente vale e importa, desenvolvi habilidades como o teatro que nunca imaginei possuir.
Descobri um novo mundo repleto de portas e o melhor com inúmeras saídas. Há sempre tempo para mudar, mas é preciso vontade. Para ser um palhaço não é necessário fazer rir, antes saber escutar, sentir o que outro sente. Quando se está com um paciente não se é um palhaço, mas um amigo.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Como tudo começou


Era julho de 2006, em meio à loucura de um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). A faculdade estava acabando e eu já queria muita coisa para 2007. Embora não soubesse exatamente o que.
Talvez um carro, um emprego que remunerasse muitoooooo bem, uma viagem dos sonhos, enfim essas coisas que a gente coloca na meia do Papai Noel. Mas a vida é muito mais generosa conosco.
Um dia encontrei uma revista de bairro esquecida em cima de uma mesa no meu trabalho. Uma matéria me chamou a atenção. Contava a história de uns tais Doutores Cidadãos. Aquilo realmente mexeu comigo. Imediatamente anotei o e-mail de contato e no mesmo dia enviei uma mensagem pedindo mais informações. Recebi a resposta dizendo que haveria um processo seletivo em janeiro de 2007. Guardei o e-mail e prossegui com meu TCC.

... e a vida continua


Em janeiro recebi um e-mail convidando para participar da seleção. Fiquei surpresa, pois nem me lembrava mais.
Como as coisas não acontecem por acaso no momento em que abri esse e-mail meu irmão estava próximo e comentei com ele.
Para minha surpresa ele também resolveu participar e fiz sua inscrição. Quinze dias depois fomos fazer a prova. Fui meio cética. Meu irmão estava mais empolgado. Conclusão: encontramos 400 pessoas que desejavam ser voluntárias. As vagas se limitavam a 70.
O Felipe e o Roberto (fundadores e diretores da ONG Canto Cidadão) fizeram a apresentação. Achei tudo muito fantástico, mas pensei que não teria tempo, como iria conciliar? Mas já que estava ali mesmo, fiz a prova.
Nossa, ainda tinha a 2ª fase...parecia Fuvest rs. Na 1ª fase meu irmão soube primeiro que tinha passado. Pensei, pelo menos descobri um voluntário sem querer. Na 2ª etapa fui eu quem soube primeiro que havia sido selecionada. Ele ficou muito decepcionado.
Dias depois soubemos que ele também havia passado. Parecia que tinha ganho na loteria. Hoje, SENTIMOS que foi exatamente isso, ainda melhor, pois é uma emoção que não passa, mas se modifica e se multiplica.