Esse blog foi criado para divulgar o trabalho do Canto Cidadão, Organização Não Governamental (ONG), da qual a Drª Risadinha Risolina é voluntária. Nesta página você lerá textos que expressam as experiências que tenho vivido.



sábado, 13 de setembro de 2008

Anjo amigo


O relato a seguir é baseado em fatos reais, porém, os nomes das personagens são fictícios com o objetivo de preservar sua identidade.

Silvino tem 95 anos e uma lucidez de dar inveja a qualquer jovem de 15. No leito ao seu lado está Tom, um rapaz com pouco mais de 20 anos. Ambos se tornaram bons amigos. Tom disse que ajuda Silvino quando a filha dele não está por perto. Silvino fez questão de nos falar que Tom é um anjo.
O anjo amigo de seu Silvino por sua vez nos contou que aqueles dias no hospital haviam transformado sua vida. Nos revelou mais: era usuário de drogas, mas que ao sair dali nunca mais voltaria a usar. Ele considerava um milagre estar vivo e entendeu cada pessoa, cada funcionário, cada momento de sofrimento como sinais de que era necessário mudar. Segundo Tom não caiu um só fio de cabelo após a quimio e os médicos disseram que ele está praticamente curado. Sua vontade a partir de agora é contar tudo o que aconteceu com ele a outros jovens e criar seu filho, que nascerá daqui a três meses.
Tom é super animado e ama pagode, ainda mais Zeca Pagodinho. Acompanhado desses doutores aqui e seu Silvino de platéia cantou a seguinte música inteirinha. Só faltou ele sambar, como estava preso ao soro, mas nós fizemos isso por ele.

Aquilo Que Era Mulher (Zeca Pagodinho)

Aquilo que era mulher
Pra não te acordar cedo, saia da cama na ponta do pé
Só te chamava tarde sabia teu gosto, na bandeja café
Chocolate, biscoito, salada de fruta...suco de mamão
No almoço era filé mignom
Com arroz a lá grega, batata corada um vinho do bom
No jantar era a mesma fartura do almoço
E ainda tinha opção
É mais deu mole ela dispensou você
...Chegou em casa outra vez doidão
...Brigou com a preta sem razão
...Quis comer arroz doce com quiabo
...Botou sal na batida de limão
Deu lavagem ao macaco, banana pro porco, osso pro gato
Sardinha ao cachorro, cachaça pro pato
Entrou no chuveiro de terno e sapato, não queria papo
Foi lá no porão, pegou treisoitão
Deu tiro na mão do próprio irmão
Que quis lhe segurar, eu consegui lhe desarmar
Foi pra rua de novo, entrou no velório pulando a janela
Xingou o defunto, apagou a vela
Cantou a viúva mulher de favela, deu um beijo nela
O bicho pegou a polícia chegou
Um coro levou em cana entrou
E ela não te quer mais, bem feito