Esse blog foi criado para divulgar o trabalho do Canto Cidadão, Organização Não Governamental (ONG), da qual a Drª Risadinha Risolina é voluntária. Nesta página você lerá textos que expressam as experiências que tenho vivido.
sábado, 3 de setembro de 2011
Vida que surpreende
Comunico oficialmente que por um tempo não estarei atuando. Mas prometo que conforme meus amigos cederem seus relatos de atuação...postarei aqui no blog. O post a seguir foi escrito por um amigão, o Dr Bigodinho de Anjo. Dias atrás, ele e o outro grande amigo, o Dr. Papaiolli, atuaram na ala de psiquiatria. Vale a pena ler. A vida é mesmo surpreendente.
*O relato a seguir é baseado em fatos reais, porém, os nomes das personagens são fictícios com o objetivo de preservar sua identidade
"Quando pensamos que pessoas que estão nessa ala estão quase ou no fundo do poço, trancafiadas com chaves nas portas, cercadas por grade por todos os lados e que poucas pessoas querem estar compartilhando um pouco de carinho com elas porque as tomam como loucas, é aí que acabamos nos surpreendendo.
Exemplo foi dado aos doutores Papaiolli e Bigodinho de Anjo quando abordaram a senhorita Mariana: uma paciente jovem, muito bonita, no auge dos seus 30 anos. Ela tinha o olhar fixo diante do quadriculado das grades que a cercavam sem nada ver pela frente.
E com o carinho e amor dado a ela naquela quase uma hora de conversa, coseguimos fazer com que se abrisse mais do que com a sua própria psiquiatra. Mariana nos relatou que conseguia enganar sua médica e nos contou histórias que a marcaram e fizeram chegar na depressão profunda que sentia.
Ouvimos coisas que nos assustaram como o envolvimento com drogas e atos ilegais. Ao mesmo tempo conseguimos tirar de dentro dela o que mais a incomodava: o sentimento de raiva de vingança, de destruição até mesmo da sua própria vida.
Este para nós foi um exemplo do que podemos fazer com o coração quando vamos atuar e ver que quando atuamos estamos sempre para alguém, na data, horario e local certos para que assim como neste caso, eu e o Papaiolli, pudéssemos naquele momento sermos alguém para esta pessoa e dar a quem nem conhecíamos, mas que estava precisando, o nosso ombro de aconchego e nossas palavras de carinho e conforto, até mesmo o enxugar de suas lágrimas com nossas luvas, lágrimas estas que ficarão marcadas eternamente dentro dos nossos corações.
Ao final de nossa conversa perguntei a Mariana o que ela estava vendo ao fixar seu olhar para o horizonte quando tínhamos a abordado. Ela nos respondeu que até o momento que tínhamos chegado não conseguia ver nada a não ser sentimento de raiva, de destruição e de vingança. Porém, depois de nossa conversa ela estava vendo a vida de uma forma totalmente diferente.
Fiz questão de relatar esse acontecimento para que todos (Doutores Cidadãos)possam ver e sentir a importância de uma atuação." (Dr. Bigodinho de Anjo)
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