“É mais fácil obter o que se deseja com um sorriso do que à ponta da espada”.
William Shakespeare
Miriam Gimenes
Dia-a-Dia Revista
O sorriso é contagiante. Em uma roda de amigos é fácil constatar essa realidade: basta um começar a gargalhar para que os demais não escondam a vontade de fazer o mesmo. E foi para verificar por que isso acontece que a antropóloga Miriam Goldemberg está realizando a pesquisa sobre a risada na cultura brasileira. A intenção? Verificar importância que homens e mulheres dão para o riso em suas vidas. E ambos apontam este ato como um grande aliado no momento da sedução.
A ideia surgiu após duas pesquisas feitas anteriormente as quais constataram que os sexos viam o bom humor de maneira diferente. Enquanto os homens diziam que este era um fator essencial para envelhecer bem, as mulheres apontavam que o importante, com o passar dos anos, era o uso de cremes, idas ao médico e proteção contra o sol – nem mencionavam o ato de sorrir. “Ao verificar essas diferenças de gênero, resolvi fazer uma pesquisa específica verificando o posicionamento masculino e feminino no entendimento do sorriso.”
A partir de então, mais especificamente em junho do ano passado, Miriam deu início ao trabalho. Entre as principais constatações – em 700 formulários aplicados – , estão: eles riem dos amigos e com os amigos, no trabalho, no bar, em situações diversas, principalmente nos jogos de futebol (84% dizem que riem muito). Já as mulheres riem menos porque se preocupam com a autoimagem, com a postura profissional, com o que os outros vão achar e também por terem menos oportunidades para rir (68% dizem que riem muito).
Em comum, aponta a antropóloga, é que ambos acreditam que o sorriso é um aliado para ter uma vida melhor porque embeleza, rejuvenesce e torna a rotina mais alegre e saudável e atrai, ao primeiro olhar, ambos os sexos. Tudo isso, para a especialista, é uma herança da cultura brasileira. “Eu diria que a nossa capacidade de sorrir mesmo em momentos de dificuldade, de achar lados positivos da vida, de procurar usufruir as pequenas alegrias, nos faz ter esta diferença de outros povos que têm muita dificuldade de fazê-lo.”
Miriam conseguiu constatar isso porque, em paralelo à analise das brasileiras, ela também está estudando as alemãs: em vários meses que passou no país não viu nenhuma mulher sorrindo. “A risada é, talvez, a mais importante forma de discurso dos brasileiros”, conclui, acrescentando que até a capacidade de rir de si mesmo é vista como importante pelos entrevistados.
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