Esse blog foi criado para divulgar o trabalho do Canto Cidadão, Organização Não Governamental (ONG), da qual a Drª Risadinha Risolina é voluntária. Nesta página você lerá textos que expressam as experiências que tenho vivido.



terça-feira, 12 de outubro de 2010

Só quero saber do que pode dá certo...


*O relato a seguir é baseado em fatos reais, porém, os nomes das personagens são fictícios com o objetivo de preservar sua identidade

Hoje conhecemos um ex-lutador de boxe, o Rafael. Ele nos contou que lutou há anos, mas que era dos bons e aí a conversa rolou solta. Nos revelou vários momentos e ficamos imaginando as lutas. Perguntei se ele já havia quebrado algum dente ou aberto o supercílio. “Isso nunca, mas já quebraram meu nariz. É, o negócio é esse. Quem está na chuva é para se molhar”, brincou.
No corredor encontramos Valéria, que chorava. Ela nos disse que a cirurgia da mãe não tinha dado certo e que uma nova havia sido iniciada naquele momento, por isso, estava apreensiva. Ficamos um tempo ao seu lado para que se acalmasse. Depois a deixamos, mas já com o pensamento mais positivo.
Amanda é uma das cinco mulheres de sua casa. A irmã dela, a Sabrina, de cara chutou o balde. “Foi por isso que meu pai não agüentou e resolveu se mudar de casa. A TPM lá é de doer”, disse bem-humorada.
No quarto de Maria, Karla e Gabriele a conversa estava boa, mas Gabi estava down... até começarmos a cantar, pois ninguém resiste a uma boa desafinação.
Ah, e ainda tivemos a ajuda de um enfermeiro super gente fina que lá pelas tantas virou a atração do quarto cantando sucessos sertanejos.
Um dos pedidos das meninas - que eram fãs dos Titãs, Jota Quest e Capital Inicial – foi Go Back (Titãs / Composição: Sérgio Britto e Torquato Neto)


Vídeo:http://www.youtube.com/watch?v=AAa4gqgYt1c&feature=related


Só quero saber
Do que pode dá certo
Não tenho tempo a perder
Só quero saber
Do que pode dá certo
Não tenho tempo a perder...

Você me chama
Eu quero ir pr'o cinema
Você reclama
Meu coração não contenta
Você me ama
Mas de repente
A madrugada mudou
E certamente
Aquele trem já passou
Se passou, passou
Daqui prá melhor
Foi!...

Só quero saber
Do que pode dá certo
Não tenho tempo a perder
Só quero saber
Do que pode dá certo
Não tenho tempo a perder...

E atendendo aos pedidos da Gabi, que a essa altura estava bem animada, cantamos todos juntos O Sol (Jota Quest /Composição: Antônio Júlio Nastácia.

Vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=17hDEOcH_kk

Ei, dor!
Eu não te escuto mais
Você não me leva a nada
Ei, medo!
Eu não te escuto mais
Você não me leva a nada...

E se quiser saber
Pra onde eu vou
Pra onde tenha Sol
É pra lá que eu vou
É pra lá que eu vou...


quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Ai que frio

O relato a seguir é baseado em fatos reais, porém, os nomes das personagens são fictícios com o objetivo de preservar sua identidade.


Logo no primeiro atendimento conhecemos o Roberto, um baiano que reclamava do frio de Sampa. Ele nem precisava ter dito nada, pois o rapaz estava todo encapotado, preparado mesmo para uma friaca daquelas. De toca, meia, cobertor, só faltou o cachecol (rs). Estava um pouco impaciente com a situação, mas pedimos que se acalmasse que logo voltaria para sua terrinha maravilhosa. Enquanto isso, o negócio era fazer amizades com os paulistas de plantão e todas as outras naturalidades, nacionalidades que encontrasse por aqui e por ali.
O quarto de Roberto estava muito animado. Entre seus colegas estava Jair que dizia que Marcos era marajá porque se aposentou há alguns anos. "O dinheiro corre atrás dele", brincava. Marcos só ficava observando a brincadeira dos colegas com um risinho no canto da boca e com uma pose de marajá. Realmente, ele tem entrado no espírito da coisa.
E a dona Ermelina... uma graça. Com seus 80 e poucos anos era só alegria. Enrolada em um cobertor muito colorido ficava dizendo o tempo todo que eu e o Caboclinho éramos lindos...ficamos até vermelhos (rs). Ela nos disse que tem 12 filhos e ainda falou o nome de todos. Olha que lindeza!!!
E, no quarto do Claúdio, que passamos só para dar um oi, mas ele nos pegou de calças curtas:
Claúdio: - Mas já vão. Pensei que iriam contar umas piadas.
Dr. Caboclinho e Drª Risadinha: - A gente veio só dar um oi. Para falar a verdade piada não é o nosso ponto forte. O nosso negócio é conhecer pessoas interessantes como você.
E rimos um pouco para descontrair...aí ele solta:
Claúdio: - Mas tudo bem, podem ir.
Dr. Caboclinho e Drª Risadinha: - Ahaahah...agora a gente vai ficar.
Claúdio: - Não, podem ir...vocês tem que falar com outras pessoas.
Dr. Caboclinho e drª Risadinha: - Não. A gente vai ficar e queremos ver você conseguir tirar a gente daqui.
Só sei que a conversa começou assim:
Dr. Caboclinho e drª Risadinha: - Como vão as coisas?
Claúdio: - O pior daqui são os remédios e não poder sair dessa cama. Mas para relaxar, me concentro, penso na praia e começo a andar lá no pensamento, aí tudo melhora e me acalmo.
Dr. Caboclinho e Drª Risadinha: - Isso mesmo. Pensamento positivo é tudo.
E ficamos de papo mais de meia hora quase esquecendo de ir embora.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Trazendo na mala bastante saudade

*O relato a seguir é baseado em fatos reais, porém, os nomes das personagens são fictícios com o objetivo de preservar sua identidade


A sensação de voltar após longo tempo foi reveladora. Já desconfiava, mas tive a certeza do quanto esse trabalho faz falta e já é uma peça no quebra-cabeça da minha vida. Como também pensava, a personagem e sua criadora, se pode ser considerada assim, possuem a mesma essência. Mas reencontrar a Drª Risadinha e o Dr. Caboclinho depois de quase três meses foi uma satisfação para lá de especial. Só espero que não fiquemos longe assim ... nunca mais. Senti saudades. De verdade. Após sairmos da primeira clínica naquela dia, andando no corredor...eu e Caboclinho cantamos juntos e baixinho "Estou de volta pro meu aconchego. Trazendo na mala bastante saudade, querendo um sorriso sincero, um abraço para aliviar meu cansaço e toda essa minha vontade...Me alegro na hora de regressar, parece que eu vou mergulhar na felicidade sem fim."
Ah, tivemos também a felicidade de voltar atuando junto com os amigos Dr.Polenticão, Dr. Papaióli e Dra. Rouxinhoque.O reencontro dessa turma parecia uma verdadeira feira no hospital. Por pouco a equipe do hospital não nos manda passear ... literalmente.
Mas amansados os ânimos ... como fazia um sábado ensolarado, não pegaram no nosso pé. Para variar aproveitamos para cantar um pouquinho e conhecer a Jéssica.
Drª Risadinha: Você gosta de cantar o quê?
Jéssica: Qualquer uma.
Putz, de novo essa história rs... fala um cantor, um ritmo, qualquer coisa.
Jéssica: Gosto do Legião Urbana.
Ah! Quando o sol bater na janela do teu quarto, lembra e vê que o caminho é um só. Foi então que o Dr. Polenticão soltou essa: - Nossa adoro esse cantor...o Dinho Ouro Preto. É melhor não contrariar.
E emendamos todos numa só voz...
Todos os dias quando acordo
Não tenho mais
O tempo que passou
Mas tenho muito tempo
Temos todo o tempo do mundo...
Todos os dias
Antes de dormir
Lembro e esqueço
Como foi o dia
Sempre em frente
Não temos tempo a perder...
Nosso suor sagrado
É bem mais belo
Que esse sangue amargo
E tão sério
E Selvagem! Selvagem!
Selvagem!...
Veja o sol
Dessa manhã tão cinza
A tempestade que chega
É da cor dos teus olhos
Castanhos...
Então me abraça forte
E diz mais uma vez
Que já estamos
Distantes de tudo
Temos nosso próprio tempo
Temos nosso próprio tempo
Temos nosso próprio tempo...
Não tenho medo do escuro
Mas deixe as luzes
Acesas agora
O que foi escondido
É o que se escondeu
E o que foi prometido
Ninguém prometeu
Nem foi tempo perdido
Somos tão jovens...
Tão Jovens! Tão Jovens!...

sábado, 22 de maio de 2010

Prazer em te conhecer!


*O relato a seguir é baseado em fatos reais, porém, os nomes das personagens são fictícios com o objetivo de preservar sua identidade

Cada vez que fazemos uma nova visita fico impressionada com o número de pessoas interessantes que conhecemos. Nesta última, por exemplo, foi marcante a quantidade de amantes de livros. Saímos do hospital até com lista de indicações. Márcia ficou alguns minutos comentando sobre os volumes e trilogias que lê sem parar. Detalhe: ela tem 82 anos e uma memória de dar inveja a muito garotinho. O exercício do cérebro pelo jeito funciona mesmo.
A amiga de quarto de Márcia, Zélia, encasquetou que o cabelo da Drª Risadinha era de mentira. Como pode? Tive que deixar a bendita puxar a minha trança para se certificar. A sorte que ela não puxou muito (risos).
Zélia - Nossa, que cabelo lindo. É verdadeiro.
Ufa! Finalmente ela acreditou.
No outro quarto, Mara falava que estava feliz por estar casada com Carlos (ele a acompanhava) há um ano. Mas a vizinha de leito, Luiza, disse que se separou depois de 32 anos de casório e não quer outra vida.
Luiza - Melhor ficar sem ele (marido).
Luiza aproveitou até para fazer piadinha.
- Sabe qual é a única mulher que sabe onde o marido está?
- Qual?
- A viúva.
Só para fechar esse dia por aqui, pois aconteceu ainda muita coisa, entre cantorias desafinadas e outras emoções lembro do seu Sebastião. Fiz uma pergunta para testar sua memória.
- O senhor tem quantos filhos?
- Treze (13). Mas esses são os que foram registrados.

sábado, 24 de abril de 2010

Água mole em pedra dura...


*O relato a seguir é baseado em fatos reais, porém, os nomes das personagens são fictícios com o objetivo de preservar sua identidade

Parecia que os ventos do bom humor não iriam soprar no atendimento de hoje, pois de cara conhecemos o César que não queria papo. Mas como somos duros na queda, nós dedicamos ao mal humorado em questão. Uns 10 minutos depois para a surpresa geral era ele quem nos fazia sorrir. O motivo, é que o colega ao lado era corintiano roxo e fizemos questão de cantar o hino do Timão. Foi então que descobrimos um palhaço em nosso meio.
Cesar – Nossa, está doendo tudo. Ai, ai, ai...essa música horrível, meus ouvidos.
E, assim, ele ficou brincando até a gente cantar o hino do São Paulo. E a dor passou de repente rs.

Em outro quarto descobrimos que aquela música Fio de Cabelo foi composta pelo Roberto Carlos. Ops!Que o cara é o rei até no hospital vocês já sabem, mas daí a atribuir todas as músicas a ele é exagero.
Pois é, mas a Carolina jurava de pé junto que a bendita música era do rei. Beleza, melhor não contrariar. Mas o Caboclinho dizia que era do Chitãozinho e Xororó. Eu sinceramente achava que essa história estava mal contada. Por isso, fui pesquisar e descobri que a canção que deve ter sido tema de várias histórias de amor foi composta por Marciano e Darci Rossi. My god! Nunca iria acertar. Santo Google.
Mas bora pros finalmentes...Então, atendemos os pedidos de todas as outras amigas e, antes tarde do que nunca, fomos cantar a escolhida por Carolina.
Nesse momento entrou uma enfermeira no quarto.
Drª Risadinha: Agora, vamos cantar Fio de Cabelo do rei Roberto Carlos
Imaginem uma pessoa gargalhando sem parar. A enfermeira quase teve um troço.
Drª Risadinha: Minha filha está passando mal?
Enfermeira: É porque não sabia que essa música era do Roberto Carlos. Jurava que era de outra pessoa.
Dr. Caboclinho: Mas foi a Carolina que disse que era.
Carolina: Mas não é?
Imaginem um monte de loucos quase rolando no chão de tanto rir. Até os funcionários vieram ver se alguém precisava de cuidados médicos.
Para encerrar a maravilha dessa cena entoamos todos juntos.
Nunca tinha pensado que essa música pudesse ser tão engraçada.

Quando a gente ama
Qualquer coisa serve para relembrar
Um vestido velho da mulher amada
Tem muito valor
Aquele restinho do perfume dela que ficou no frasco
Sobre a penteadeira
Mostrando que o quarto
Já foi o cenário de um grande amor

E hoje o que encontrei me deixou mais triste
Um pedacinho dela que existe
Um fio de cabelo no meu paletó
Lembrei de tudo entre nós
Do amor vivido
Aquele fio de cabelo comprido
Já esteve grudado em nosso suor

Quando a gente ama
E não vive junto da mulher amada
Uma coisa à toa
É um bom motivo pra gente chorar
Apagam-se as luzes ao chegar a hora
De ir para a cama
A gente começa a esperar por quem ama
Na impressão que ela venha se deitar

E hoje o que encontrei me deixou mais triste
Um pedacinho dela que existe
Um fio de cabelo no meu paletó
Lembrei de tudo entre nós
Do amor vivido
Aquele fio de cabelo comprido
Já esteve grudado em nosso suor

quarta-feira, 14 de abril de 2010

No pé do Dr.Caboclinho

*O relato a seguir é baseado em fatos reais, porém, os nomes das personagens são fictícios com o objetivo de preservar sua identidade

Nem bem começamos o dia e o Dr.Caboclinho foi logo fazendo amizade com a Ana, bebê de um ano e meio, que andava serelepe na sala de espera. Nossa, foi difícil deixar o local. A Ana abriu o bocão buáááááááááá, pois queria ir atrás do Caboclinho, que saiu com o coração partido, mas precisava continuar com o atendimento.
Depois, conhecemos Samuel que encasquetou: Caboclinho deveria se chamar Paulo.
Dr. Caboclinho: - Não, meu nome é Caboclinho
Samuel: - Mas você tem cara de Paulo. Não é possível. Você deveria se chamar Paulo
Dr. Caboclinho: - Então tá. Pode me chamar do que quiser
Que bom! Finalmente chegaram a um consenso para começarmos a cantarolar uma das músicas preferidas de Samuel.

Caminhoneiro
Roberto Carlos (Composição: Roberto Carlos/Erasmo Carlos)

Todo dia quando eu pego a estrada
Quase sempre é madrugada
E o meu amor aumenta mais

Porque eu penso nela no caminho
Imagino seu carinho
E todo o bem que ela me faz

A saudade então aperta o peito
Ligo o rádio e dou um jeito
De espantar a solidão

Se é de dia eu ando mais veloz
E à noite todos os faróis
Iluminando a escuridão

Eu sei
Tô correndo ao encontro dela
Coração tá disparado
Mas eu ando com cuidado
Não me arrisco na banguela

Eu sei
Todo dia nessa estrada
No volante eu penso nela
Já pintei no pára-choque
Um coração e o nome dela

Já rodei o meu país inteiro
E como bom caminhoneiro
Peguei chuva e cerração

Quando chove o limpador desliza
Vai e vem o pára-brisa
Bate igual meu coração

Doido pelo doce do seu beijo
Olho cheio de desejo
Seu retrato no painel

É no acostamento dos seus braços
Que eu desligo meu cansaço
E me abasteço desse mel

Eu sei
Tô correndo ao encontro dela
Coração tá disparado
Mas eu ando com cuidado
Não me arrisco na banguela

Eu sei
Todo dia nessa estrada
No volante eu penso nela
Já pintei no pára-choque
Um coração e o nome dela

Todo dia quando eu pego a estrada
Quase sempre é madrugada
E o meu amor aumenta mais

Olho o horizonte e vou em frente
Tô com Deus e tô contente
O meu caminho eu sigo em paz

quinta-feira, 11 de março de 2010

Escolhas

Estive refletindo essa semana sobre o poder de nossas escolhas. Esses pensamentos que a gente tem de tempos em tempos. É interessante imaginar que o minuto seguinte de nossa existência, na maior parte das vezes, é o resultado de nossas decisões ou omissões. Isso serve para qualquer área da vida: profissional, afetiva, social.

Por mais que seja difícil admitir, somos responsáveis por nossos atos, não importa se resultará em erro ou acerto. Temos que, irremediavelmente, amargar a derrota ou saborear a vitória. Mas de tudo sempre é possível tirar lições.

A vida é movimento. Fecha-se um ciclo, começa-se outro. Tudo é aprendizado e a gente fica mais forte e, o melhor, com mais experiência.

Há um autor que gosto muito, Richard Bach, que disse o seguinte: “Coisas ruins não são o pior que pode nos acontecer. O que de pior pode nos acontecer é NADA. Uma vida fácil nada nos ensina. No fim, é o que aprendemos o que importa: o que aprendemos e como nos desenvolvemos.”

Pense antes de agir, pois toda ação traz consigo uma conseqüência. Porém, não se cobre pelas escolhas que talvez tenham soado erradas. Afinal, é preciso tentar ser feliz a cada dia. Na próxima quem sabe a gente faz a escolha certa. (Havolene Valinhos)

terça-feira, 9 de março de 2010

Cantarolando


*O relato a seguir é baseado em fatos reais, porém, os nomes das personagens são fictícios com o objetivo de preservar sua identidade

Faz mais de 20 anos que Alberto, 62, evita cantar músicas que não são cristãs por conta de sua religião. Mas nos contou que quando tinha lá seus 20 e poucos anos amava uma moda de viola. Inclusive, formou dupla com um amigo e se apresentou várias vezes em festas no interior. Apesar de não cantar por anos a fio e afirmar nem lembrar mais das letras, Alberto disse que poderíamos cantar à vontade.
No leito ao lado, seu Dorival está beirando os 80 anos. Disse que precisa da ajuda de um andador para se locomover. Quando perguntamos se ele gostava de cantar nos revelou que considera uma das melhores coisas para se fazer na vida.
Por fim, entramos num consenso e começamos a cantar. Como não somos bobos, adoramos um acompanhamento e seu Dorival logo começou a cantarolar baixinho, fazendo um esforço.
E, para surpresa de todos, de repente Alberto passou a fazer a primeira voz. Ficamos estupefatos. Realmente ele sabia cantar e com tamanha afinação, adjetivo que passa bem longe de nós (risos). Para quem afirmara há pouco que não se lembrava de letra alguma, Alberto cantou várias músicas que nem conhecíamos, mas admito que eram lindas. Imaginem a festa naquele quarto. Foi uma magia só, parecia que o tempo tinha parado naquele instante e só se ouviam as duas vozes: de Alberto e seu Dorival, extasiado com a descoberta do amigo cantor.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

O retorno



*O relato a seguir é baseado em fatos reais, porém, os nomes das personagens são fictícios com o objetivo de preservar sua identidade


Nosso primeiro atendimento in loco do ano foi bem interessante e diferente.Isso porque conhecemos e atuamos com duas doutoras muito bacanas: a Dra. CapeLI LIagui e Dra. Caraxué Conchiglione.Gostamos muito de conhecê-las e desejamos que nunca percam o sorriso e o brilho nos olhos ao realizar esse trabalho. Beijos!
Agora vamos ao post do dia:

Conhecemos Nestor que nasceu na cidade de Palmeiras.

Doutores:
Seu Nestor quem nasce lá é o que?

Nestor: Palmeirense

Doutores:E os corinthianos?

Nestor: Não há. Lá só existem palmeirenses (risos).

Parece que o Corinthians não estava mesmo muito em alta nesse domingo. O palmeirense do quarto ao lado já foi provocando o corinthiano vizinho.

Corinthiano: O coringão vai ficar invicto esse ano.

Palmeirense: Vai mesmo. O Corinthians não vai ganhar nenhuma kkkk.

No outro quarto, dona Sandra nos conta que vive sonolenta. Por isso, apesar de gostar de conversar bastante e conhecer pessoas novas tem dormido no ponto, literalmente.

Dona Sandra:
Começo a conversar e, de repente, caio no sono. Aí acordo no sobressalto e a pessoa que estava conversando já fora embora há tempos (risos).

E o Fábio que saiu do hospital e começou a pular de alegria na rua quando sua filha nasceu.

Ah, já ia me esquecendo da Ana que fez o enxoval completo para o Joel. Tudo perfeito: roupas, berço, quarto etc e tal ... tudo azul. O detalhe é que na madrugada de hoje quem nasceu foi a...ela ainda não tem nome. A mãe ainda estava se recuperando do susto.

Ana: A enfermeira me disse que a menina era linda. Mas era para ser menino.

Enfermeira: É, mas é uma menina

Agora, a mamãe está à procura de um nome para o presente. Alguém aí tem alguma sugestão?

Quem sonha nunca morre

Dentre tantas tragédias que, infelizmente acontecem todos os dias em nosso país, uma em especial me chamou a atenção: a morte do estudante de biomedicina Alcides do Nascimento Lins, de 22 anos, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), assassinado a tiros na madrugada de sábado, em sua casa, no Recife. Este ano, Alcides comemoraria com os colegas de sala a conclusão do curso. Segundo testemunhas, os criminosos estavam procurando por vizinhos do rapaz, mas como ele não soube informar onde estavam,o mataram.

Filho de uma ex-catadora de lixo, Maria Luiza do Nascimento, o jovem foi aprovado em 2007, em primeiro lugar na rede pública. Alcides sempre estudou em escola pública e era morador de uma comunidade carente, mas superou as dificuldades com a ajuda da mãe."Ela me aconselha a ter coragem, a não desistir, porque para a situação do país eu tenho que estudar bastante", disse o estudante em entrevista a um canal de televisão no ano em que passou no vestibular.

Sempre acreditei e acredito que a educação tem o poder de alterar realidades para melhor. Mas é triste e até revoltante pensar como a violência tem tomado conta de nosso dia a dia. É preciso que sejam tomadas providências urgentes para evitar a disseminação de crimes. Sei que o problema é bem mais embaixo e requer imensas modificações sociais. Contudo, penso que a violência só será combatida por meio de uma persistência pacífica na busca incessante pela igualdade social. Alcides lutou até o fim por seu sonho de acesso à educação e igualdade. Prefiro continuar crendo que quem tem sonhos nunca morre.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Renascimento


O primeiro post deste ano não poderia ser diferente. Nosso destino: São Luiz do Paraitinga, interior paulista. A cidade com 10 mil habitantes foi inundada por forte chuva no último dia de 2009 e amanheceu debaixo d’água no primeiro dia desse ano novo. O município cultiva um dos mais famosos carnavais de rua, mas infelizmente, este ano ficará sem a festa.
Houve uma morte nas imediações, mas todos os outros moradores foram resgatados no primeiro momento por praticantes de rafting, outro atrativo da cidade. “Foram os meninos do rafting que nos ajudaram com botes antes dos bombeiros chegarem”, disse uma moradora. Parabéns pessoal!Que Deus os abençoe.
Chegando à cidade ficamos impressionados com o tamanho do estrago. Confesso que fiquei receosa de que forma seríamos recebidos. Mas não poderia ter sido melhor. Foram seguidas as lições de vida, perseverança, união e amor que ouvimos e vimos.
Uma em especial me chamou muito a atenção, contada por um voluntário que ajuda com a limpeza que parece não ter fim. Um senhor disse ao rapaz que estava comovido com a união dos vizinhos e com a força para reconstruir. “Ele pensou que a vida dele tinha acabado quando se separou de sua mulher há alguns anos, mas percebeu que não era o fim. Depois aconteceram várias coisas que pareciam não ter saída. Contudo, se deu conta de que até o dia 31 de dezembro de 2009 vivia em uma cidade e no dia 1º de janeiro Deus tinha dado a oportunidade de começar uma vida nova em uma nova cidade sem ter que sair de seu canto.”
Aos 80 anos o senhor perdeu a casa, mas afirmou: “A vida é feita de grandes renascimentos.” O voluntário, que vive em São Paulo, terminou nossa conversa assim: “Toda vez que reclamar do trânsito da Marginal vou me lembrar disso.”
E foram muitas histórias de ação de graças que ouvimos de pessoas que ficaram apenas com a roupa do corpo. “O importante é a vida, o resto corremos atrás.”
Dona Goreti, moradora da cidade há quase 40 anos, não titubeou ao nos ceder o quintal de casa para fazermos um lanche. Não sobrou sequer uma lanchonete intacta em toda a cidade. Essa senhora nos acolheu com imensa sabedoria. Como mora na parte alta de São Luiz sua casa não foi muito prejudicada e sua família conseguiu dar apoio a várias pessoas. “Todos somos iguais. Recebi pessoas que eram riquíssimas e perderam tudo. Mas tenho certeza de que recuperarão em breve.”
Foi uma experiência inesquecível e que mexeu com certeza com os sentimentos de cada um dos Doutores Cidadãos que estiveram nesta cidade tão especial. Ano que vem iremos participar do tão esperado carnaval de São Luiz do Paraitinga. Como disse uma moradora. “Vocês já estão até fantasiados (rs).”
Sem contar os amigos da Assembleia de Deus, que tem oferecido chá, café, leite, pão e água gratuitamente. O trabalho e alegria da Cruz Vermelha, SOS Global, universitários, Breda, pessoal do rafting, Gaviões da Fiel, Sabesp, entre outras entidades e as centenas de pessoas que fizeram doações.

Sem falar no sorriso e abraços carinhosos das crianças. Fizemos a maior festa.
São incontáveis os momentos de emoção. Só sei de uma coisa: nunca mais seremos os mesmos depois desse dia. Há muita coisa para aprender.