... a vida e suas surpresas
Santo André, 15 de agosto de 2007
Hoje foi o primeiro dia que atendemos 'sozinhos'. Começamos com o pé direito. Logo de primeira os seguranças foram com a nossa cara.
Depois da recepção calorosa, e um pouco mais seguros, fomos conhecer a oncologia, clínica que escolhemos para atender, mas que ainda não tínhamos ido nenhuma vez.
Ao contrário dos sábados ensolarados dos dias de estágio, agora, estávamos no hospital à noite, quando quase todo mundo está dormindo, sem a ajuda dos acompanhantes e, o pior, no horário da novela das oito. Vamos convir, essa é uma concorrência desleal.
O médico responsável, o Dr. Roberto, logo nos indicou as pessoas que mais estavam "down" naquele dia. Daí, com o apoio maciço dos enfermeiros, lá fomos nós.
Respiramos fundo e entramos no quarto do Fernando, Hugo e Celso. A luz estava apagada, eles sonolentos e veio o receio de incomodar. Entretanto, logo eles estavam à vontade.
Depois fomos visitar a Emanuela, uma jovem de 21 anos, que estava muito pra baixo. Aqui tivemos a ajuda do Dr. Roberto, aliás, foi nessa hora que consegui ler seu nome bordado no jaleco e descobri que a classe médica ainda tem salvação (rs). Percebemos a dedicação e amor que tem por sua profissão e, especialmente, o carinho que tem pelos pacientes e sua equipe.
Dr.Roberto: "Emanuela, sabe pra que serve o sapato dele? (sapato de palhaço)
Emanuela: Não.
Dr.Roberto: “E pra matar barata"... (...) e o doutor ficou conosco por mais algum tempo. A Emanuela sorriu pela primeira vez naquele dia. Foi maravilhoso, um momento de parceria e ali sentimos que éramos um time.
Ah, também tivemos a felicidade de conhecer a Ana. Ela me contou que está com câncer há seis anos, mas que as amigas ficam surpresas quando vão visitá-la e a encontram de alto astral. Nem precisava dizer isso, pois começamos a cantar juntas. "Tô de bem com a vida (Bis), tô de vento em poupa, tô assim com o mundo, tô feliz pra burro (...)".
Só vendo a figura para não dizerem que estou inventando. Nossa, ela contagia qualquer um com sua alegria e vontade de viver.
Todos os relatos são baseados em fatos reais, porém, os nomes dos personagens são fictícios para preservar sua identidade.
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